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O Nascimento da Filosofia: A Origem do Pensamento Racional

Introdução
A filosofia, como campo de estudo, surgiu na Grécia Antiga, marcando uma transição crucial do pensamento mítico para o racional.
Segundo Bertrand Russell, "a filosofia ocidental começa com os gregos e Sócrates é o pai da filosofia".
Este artigo explora o nascimento da filosofia, suas origens históricas, e os primeiros pensadores que moldaram essa nova maneira de entender o mundo.
Desenvolvimento
A palavra "filosofia" deriva do grego "philos" (amor) e "sophia" (sabedoria), significando "amor à sabedoria".
De acordo com Aristóteles, "a filosofia começa com o espanto", uma resposta ao mistério do mundo e à busca por explicações racionais.
Este espanto levou os primeiros filósofos a questionarem as narrativas míticas tradicionais e a procurarem respostas baseadas na razão e na observação.
Os pré-socráticos foram os pioneiros desta transição.
Tales de Mileto, por exemplo, é frequentemente considerado o primeiro filósofo. Segundo Aristóteles, "Tales afirmou que a água é o princípio de todas as coisas".
Esta tentativa de encontrar um princípio unificador para a diversidade da natureza marca o início do pensamento filosófico.
Anaximandro e Anaxímenes, seus contemporâneos, também buscaram explicações naturais para a origem do universo.
Heráclito de Éfeso, conhecido por sua doutrina do fluxo perpétuo, declarou que "não se pode entrar duas vezes no mesmo rio".
Ele argumentava que a mudança é a única constante no universo, uma ideia que influenciou profundamente o pensamento filosófico subsequente.
Heráclito viu o mundo como uma interação dinâmica de opostos, oferecendo uma visão complexa da realidade.
Parmênides de Eleia, por outro lado, propôs que "o ser é, e o não-ser não é".
Ele argumentava que a mudança é uma ilusão e que a realidade verdadeira é imutável e eterna.
Esta visão contrastante com a de Heráclito gerou debates que foram fundamentais para o desenvolvimento da filosofia.
Parmênides enfatizou a importância da razão na compreensão da verdade, separando-a das aparências enganosas dos sentidos.
Pitagóras de Samos introduziu uma perspectiva matemática na filosofia.
Ele acreditava que "tudo é número" e que os princípios matemáticos subjazem à estrutura do universo.
A escola pitagórica influenciou significativamente Platão e outros filósofos subsequentes, destacando a relação entre matemática, harmonia e a ordem cósmica.
A sofística, representada por figuras como Protágoras, trouxe uma abordagem diferente.
Protágoras afirmou que "o homem é a medida de todas as coisas", sugerindo que a verdade é relativa às percepções e opiniões humanas.
Esta perspectiva desafiou as ideias absolutistas dos pré-socráticos e abriu espaço para discussões sobre ética, política e retórica.
Sócrates, frequentemente considerado o pai da filosofia ocidental, revolucionou o campo com seu método dialético.
Platão, seu discípulo, documentou muitos de seus diálogos, nos quais Sócrates empregava perguntas para estimular o pensamento crítico.
Sócrates declarou que "uma vida não examinada não vale a pena ser vivida", enfatizando a importância da auto-reflexão e da busca pela verdade.
Platão, por sua vez, desenvolveu uma filosofia abrangente que incluía teoria do conhecimento, metafísica e ética.
Em sua obra "A República", ele descreve a alegoria da caverna, sugerindo que a maioria das pessoas vive em uma ilusão, ignorantes da verdadeira realidade.
Platão acreditava que o conhecimento verdadeiro só pode ser alcançado através da razão, e não dos sentidos.
Aristóteles, discípulo de Platão, divergiu de seu mestre em vários aspectos.
Ele enfatizou a observação empírica e a lógica como fundamentos do conhecimento.
Segundo Aristóteles, "o conhecimento começa pelos sentidos, mas só é completo pela razão".
Ele desenvolveu um sistema filosófico abrangente que influenciou inúmeras disciplinas, da biologia à ética.
A filosofia helenística, que inclui escolas como o estoicismo, o epicurismo e o ceticismo, continuou a expandir e a diversificar o pensamento filosófico.
Zenão de Cítio, fundador do estoicismo, ensinava que "viver conforme a natureza" é o caminho para a virtude e a felicidade.
Esta escola destacou a importância da razão, do auto-controle e da aceitação do destino.
O epicurismo, fundado por Epicuro, propôs que "o prazer é o início e o fim de uma vida feliz".
No entanto, Epicuro diferenciava entre prazeres físicos e prazeres do espírito, enfatizando a importância da ataraxia (tranquilidade) e da ausência de dor como o verdadeiro objetivo da vida.
Os céticos, como Pirro de Élis, defendiam a suspensão do julgamento como um meio de alcançar a paz de espírito.
Segundo Sexto Empírico, "os céticos não afirmam nada, nem negam nada, mas continuam a investigar".
Esta abordagem destacava a incerteza do conhecimento humano e a necessidade de um espírito crítico e inquisitivo.
Conclusão
O nascimento da filosofia na Grécia Antiga marcou uma transição crucial na história do pensamento humano.
Ao questionar as explicações míticas e buscar respostas racionais, os primeiros filósofos estabeleceram as bases para o desenvolvimento da ciência, da ética e da lógica.
Através de figuras como Sócrates, Platão e Aristóteles, a filosofia evoluiu para um campo abrangente e diversificado, cujo impacto continua a ressoar na sociedade contemporânea.
Referências
- Russell, B. "História da Filosofia Ocidental"
- Aristóteles, "Metafísica"
- Platão, "A República"
- Campbell, J. "O Poder do Mito"
- Vernant, J.P. "Mito e Pensamento entre os Gregos"
- Jung, C. "O Homem e Seus Símbolos"
- Viveiros de Castro, E. "A Inconstância da Alma Selvagem"
- Tolkien, J.R.R. "O Senhor dos Anéis"
- Ricoeur, P. "A Simbólica do Mal"
- Dawkins, R. "O Gene Egoísta"
- Geertz, C. "A Interpretação das Culturas"
- Hillman, J. "O Código do Ser"
- Jenkins, H. "Cultura da Convergência"
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