Papel da escola - Preparar intelectual e moral os alunos para assumir sua posição na sociedade. O compromisso da escola é com a cultura, os problemas sociais pertencem à sociedade.
O caminho cultural em direção ao saber é o mesmo para todos os alunos, desde que se esforcem.
Assim, os menos capazes devem lutar para superar suas dificuldades e conquistar seu lugar junto aos mais capazes.
Caso não consigam, devem procurar o ensino mais profissionalizante.
Conteúdos de ensino - São os conhecimentos e valores sociais acumulados pelas gerações adultas e repassados ao aluno como verdades.
As matérias de estudo visam preparar o aluno para a vida, são determinadas pela sociedade e ordenadas na legislação.
Os conteúdos são separados da experiência do aluno e das realidades sociais, valendo pelo valor intelectual, razão pela qual a pedagogia tradicional é criticada como intelectualista e, às vezes, como enciclopédica.
Métodos - Baseiam-se na exposição verbal da matéria e/ou demonstração.
Tanto a exposição quanto a análise são feitas pelo professor, observados os seguintes passos: a) preparação do aluno (definição do trabalho, recordação da matéria anterior, despertar interesse);
b) apresentação (realce de postos-chaves, demonstração);
c) associação (combinação do conhecimento novo com o já conhecido por comparação e abstração);
d) generalização (dos aspectos particulares chega-se ao conceito geral, é a exposição sistematizada);
e) aplicação (explicação de fatos adicionais e/ou resoluções de exercícios).
A ênfase nos exercícios, na repetição de conceitos ou fórmulas na memorização visa disciplinar a mente e formar hábitos.
Relacionamento professor-aluno - Predomina a utoridade o professor que exige atitude receptiva dos alunos e impede qualquer comunicação entre eles no decorrer da aula.
O professor transmite o conteúdo na forma de verdade a ser absorvida; em consequência, a disciplina imposta é o meio mais eficaz para assegurar a atenção e o silêncio.
Pressupostos de aprendizagem - A ideia de que o ensino consiste em repassar os conhecimentos para o espírito da criança é acompanhada de uma-outra: a de que a capacidade de assimilação da criança é idêntica à do adulto, apenas menos desenvolvida.
A aprendizagem, assim, é receptiva e mecânica, para o que se recorre frequentemente à coação.
A avaliação se dá por verificações de curto prazo (interrogatórios orais, exercício de casa) e de prazo mais longo (provas escritas, trabalhos de casa.
Renovada Progressivista
Papel da escola - A finalidade da escola é adequar as necessidades individuais ao meio social e, para isso, ela deve se organizar de forma a retratar, o quanto possível, a vida.
Todo ser dispõe dentro de si mesmo de mecanismos de adaptação progressiva ao meio e de uma consequente integração dessas formas de adaptação no comportamento.
Tal integração se dá por meio de experiências que devem satisfazer, ao mesmo tempo, os interesses do aluno e as exigências sociais.
A escola cabe suprir as experiências que permitam ao aluno educar-se, num processo ativo de construção e reconstrução do objeto, numa interação entre estruturas cognitivas do indivíduo e estruturas do ambiente.
Conteúdos de ensino – Como o conhecimento resulta da ação a partir dos interesses e necessidades, os conteúdos de ensino são estabelecidos em função de experiências que o sujeito vivencia frente a desafios cognitivos e situações problemáticas.
Dá-se, portanto, muito mais valor aos processos mentais e habilidades cognitivas do que a conteúdos organizados racionalmente.
Trata-se de "aprender a aprender", ou seja, é mais importante o processo de aquisição do saber do que o saber propriamente dito.
Método de ensino – A ideia de "aprender fazendo" está sempre presente. Valorizam-se as tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social, o método de solução de problemas.
Os passos básicos do método ativo são: a) colocar o aluno numa situação de experiência que tenha um interesse por si mesma;
b) o problema deve ser desafiante, como estímulo à reflexão;
c) o aluno deve dispor de informações e instruções que lhe permitam pesquisar a descoberta de soluções;
d) soluções provisórias devem ser incentivadas e ordenadas, com a ajuda discreta do professor;
e) deve-se garantir a oportunidade de colocar as soluções à prova, a fim de determinar sua utilidade para a vida.
Relacionamento professor-aluno – Não há lugar privilegiado para o professor; antes, seu papel é auxiliar o desenvolvimento Livre e espontâneo da criança; se intervém, é para dar forma ao raciocínio dela.
A disciplina surge de uma tomada de consciência dos limites da vida grupal; assim, aluno disciplinado é aquele que é solidário, participante, respeitador das regras do grupo.
Para se garantir um clima harmonioso dentro da sala de aula é indispensável um relacionamento positivo entre professores e alunos, uma forma de instaurar a "vivência democrática" tal qual deve ser a vida em sociedade.
Pressupostos de aprendizagem - A motivação depende da força de estimulação do problema e das disposições internas e interesses do aluno.
Assim, aprender se torna uma atividade de descoberta, é uma autoaprendizagem, sendo o ambiente apenas o meio estimulador.
É retido o que se incorpora à atividade do aluno pela descoberta pessoal; o que é incorporado passa a compor a estrutura cognitiva para ser empregado em novas situações.
A avaliação é fluida e tenta ser eficaz à medida que os esforços e os êxitos são pronta e explicitamente reconhecidos pelo professor.
Manifestações na prática escolar - Os princípios da pedagogia progressivista vêmsendo difundidos, em larga escala, nos cursos de licenciatura, e muitos professores sofrem sua influência.
Entretanto, sua aplicação é reduzidíssima, não somente por falta de condições objetivas como também porque se choca com uma prática pedagógica basicamente tradicional.
Alguns métodos são adotados em escolas particulares, como o método Montessori, o método dos centros de interesse de Decroly, o método de projetos de Dewey.
O ensino baseado na psicologia genética de Piaget tem larga aceitação na educação pré-escolar. Pertencem, também, à tendência progressivista muitas das escolas denominadas "experimentais", as "escolas comunitárias" e mais remotamente (década de 60) a "escola secundária moderna", na versão difundida por Lauro de Oliveira Lima.
Renovada não diretiva
Papel da escola - Acentua-se nesta tendência o papel da escola na formação de atitudes, razão pela qual deve estar mais preocupada com os problemas psicológicos do que com os pedagógicos ou sociais.
Todo esforço está em estabelecer um clima favorável a uma mudança dentro do indivíduo, isto é, a uma adequação pessoal às solicitações do ambiente.
Rogers considera que o ensino é uma atividade excessivamente valorizada; para ele os procedimentos didáticos, a competência na matéria, as aulas, livros, tudo tem muito pouca importância, face ao propósito de favorecer à pessoa um clima de autodesenvolvimento e realização pessoal, o que implica estar bem consigo próprio e com seus semelhantes.
O resultado de uma boa educação é muito semelhante ao de uma boa terapia.
Conteúdos de ensino - A ênfase que esta tendência põe nos processos de desenvolvimento das relações e da comunicação torna secundária a transmissão de conteúdos.
Os processos de ensino visam mais facilitar aos estudantes os meios para buscarem por si mesmos os conhecimentos que, no entanto, são dispensáveis.
Métodos de ensino – Os métodos usuais são dispensados, prevalecendo quase que exclusivamente o esforço do professor em desenvolver um estilo próprio para facilitar a aprendizagem dos alunos.
Rogers explicita algumas das características do professor "facilitador": aceitação da pessoa do aluno, capacidade de ser confiável, receptivo e ter plena convicção na capacidade de autodesenvolvimento do estudante.
Sua função restringe-se a ajudar o aluno a se organizar, utilizando técnicas de sensibilização onde os sentimentos de cada um possam ser expostos, sem ameaças.
Assim, o objetivo do trabalho escolar se esgota nos processos de melhor relacionamento interpessoal, como condição para o crescimento pessoal.
Relacionamento professor-aluno - A pedagogia não-diretiva propõe uma educação centrada no aluno, visando formar sua personalidade através da vivência de experiências significativas que lhe permitam desenvolver características inerentes à sua natureza.
O professor é um especialista em relações humanas, ao garantir o clima de relacionamento pessoal e autêntico. "Ausentar-se" é a melhor forma de respeito e aceitação plena do aluno.
Toda intervenção é ameaçadora, inibidora da aprendizagem.
Pressupostos de aprendizagem – A motivação resulta do desejo de adequação pessoal na busca da autorrealização; é, portanto, um ato interno.
A motivação aumenta, quando o sujeito desenvolve o sentimento de que é capaz de agir em termos de atingir suas metas pessoais, isto é,desenvolve a valorização do "eu".
Aprender, portanto, é modificar suas próprias percepções; daí que apenas se aprende o que estiver significativamente relacionado com essas percepções.
Resulta que a retenção se dá pela relevância do aprendido em relação ao "eu", ou seja, o que não está envolvido com o "eu" não é retido e nem transferido.
Portanto, a avaliação escolar perde inteiramente o sentido, privilegiando-se a autoavaliação.
Manifestações na prática escolar – Entre nós, o inspirador da pedagogia não diretiva é C. Rogers, na verdade mais psicólogo clínico que educador.
Suas ideias influenciam um número expressivo de educadores e professores, principalmente orientadores educacionais e psicólogos escolares que se dedicam ao aconselhamento.
Menos recentemente, podem-se citar também tendências inspiradas na escola de Summerhill do educador inglês A. Neill.
Tecnicista
Papel da Escola - Segundo essa tendência, a sociedade vive em harmonia.
Assim, cabe à escola modelar o comportamento humano, através de técnicas específicas, aperfeiçoando a ordem social articulando-se ao campo produtivo.
A escola deve, acima de tudo, formar indivíduos competentes para o mercado de trabalho. Conteúdos - Constituem-se das informações, princípios científicos, leis etc.
Os conteúdos são embasados na ciência objetiva. Nesse caso, não se leva em consideração a subjetividade.
Toda matéria encontra-se nos manuais, nos livros didáticos, nos módulos de ensino, nos dispositivos audiovisuais etc., todos bem elaborados e direcionados.
Métodos - Os procedimentos são técnicos apoiados na tecnologia educacional.
As etapas básicas do processo de aprendizagem são: a) estabelecer comportamentos terminais, através de objetivos instrucionais;
b) julgar a tarefa de aprendizagem, a fim de classificar em seqüência os passos da instrução;
c) executar a instrução, reforçando pouco apouco as respostas corretas adequadas aos objetivos.
Relacionamento Professor X Aluno - O professor é o elo entre o conhecimento científico e o aluno, sendo o responsável pelo sistema instrucional; a relação com o aluno é meramente técnica.
O aluno é um receptor não participativo. Os dois são espectadores do processo de aprendizagem, não há necessidade de debates, discussões, questionamentos, relações afetivas e pessoais.
Pressupostos - É uma aprendizagem diretiva, centrada no controle sobre o comportamento dos alunos na busca da eficiência do mercado.
Influência na prática escolar brasileira - Essa tendência de origem americana influenciou o Brasil nos anos 50 através do PABAEE (Programa Brasileiro-Americano de Auxílio ao Ensino Elementar).
Entretanto, é após o golpe militar de 64 que se intensificaram tais influências através do acordo MEC-USAID, e das leis de reformas: Lei de Reforma Universitária, n° 5.540/68 e a Lei de Reforma de 1° e 2° Graus, n° 5.692/71, as quais passaram a vigorar no país até a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394/96.
Foi um período de repressão à sociedade civil, em especial aos educadores.
A Tendência Tecnicista serviu aos propósitos do governo autoritário dos militares, pois permitiu controle direto das ações pedagógicas, através dos planos de aula, planejamentos, supervisão efetiva, dentre outros.
A Tendência Tecnicista serviu aos propósitos do governo autoritário dos militares, pois permitiu controle direto das ações pedagógicas, através dos planos de aula, planejamentos, supervisão efetiva, dentre outros.
Libertadora
Papel da escola – Não é próprio da pedagogia libertadora falar em ensino escolar, já que sua marca é a atuação "não-formal".
Entretanto, professores e educadores engajados no ensino escolar vêm adotando pressupostos dessa pedagogia.
Assim, quando se fala na educação em geral, diz-se que ela é uma atividade onde professores e alunos, mediatizados pela realidade que apreendem e da qual extraem o conteúdo de aprendizagem, atingem um nível de consciência dessa mesma realidade, a fim de nela atuarem, num sentido de transformação social.
Tanto a educação tradicional, denominada "bancária" – que visa apenas depositar informações sobre o aluno –, quanto a educação renovada – que pretenderia uma libertação psicológica individual – são domesticadoras, pois em nada contribuem para desvelar a realidade social de opressão.
A educação libertadora, ao contrário, questiona concretamente a realidade das relações do homem com a natureza e com os outros homens, visando a uma transformação – daí ser uma educação crítica.
Conteúdos de ensino – Denominados "temas geradores", são extraídos da problematização da prática de vida dos educandos.
Os conteúdos tradicionais são recusados porque cada pessoa, cada grupo envolvido na ação pedagógica dispõe em si próprio, ainda que de forma rudimentar, dos conteúdos necessários dos quais se parte.
O importante não é a transmissão de conteúdo específicos, mas despertar uma nova forma da relação com a experiência vivida.
A transmissão de conteúdos estruturados a partir de fora é considerada como "invasão cultural" ou "depósito de informação", porque não emerge do saber popular.
Se forem necessários textos de leitura estes deverão ser redigidos pelos próprios educandos com a orientação do educador.
Métodos de ensino – “Para ser um ato de conhecimento o processo de alfabetização de adultos demanda, entre educadores e educandos, uma relação de autêntico diálogo; aquela em que os sujeitos do ato de conhecer se encontram mediatizados pelo objeto a ser conhecido" (...) "O diálogo engaja ativamente a ambos os sujeitos do ato de conhecer: educador-educando e educando-educador”.
Assim sendo, a forma de trabalho educativo é o "grupo de discussão", a quem cabe autogerir a aprendizagem, definindo o conteúdo e a dinâmica das atividades.
O professor é um animador que, por princípio, deve "descer" ao nível dos alunos, adaptando-se às suas características e ao desenvolvimento próprio de cada grupo.
Deve caminhar "junto", intervir o mínimo indispensável, embora não se furte, quando necessário, a fornecer uma informação mais sistematizada.
Os passos da aprendizagem – Codificação-decodificação, e problematização da situação – permitirão aos educandos um esforço de compreensão do "vivido", até chegar a um nível mais crítico de conhecimento da sua realidade, sempre através da troca de experiência em torno da prática social.
Se nisso consiste o conteúdo do trabalho educativo, dispensam-se um programa previamente estruturado, trabalhos escritos, aulas expositivas, assim como qualquer tipo de verificação direta da aprendizagem, formas essas próprias da “educação bancária”, portanto, domesticadoras.
Entre tanto admite-se a avaliação da prática vivenciada entre educador-educandos no processo de grupo e, às vezes, a autoavaliação feita em termos dos compromissos assumidos com a prática social.
Relacionamento professor-aluno — No diálogo, como método básico, a relação é horizontal, onde educador e educandos se posicionam como sujeitos do ato de conhecimento.
O critério de bom relacionamento é a total identificação como povo, sem o que a relação pedagógica perde consistência.
Elimina-se, por pressuposto, toda relação de autoridade, sob pena de esta inviabilizar o trabalho de conscientização, de "aproximação de consciências".
Trata-se de uma "não-diretividade", mas não no sentido do professor que se ausenta (como em Rogers), mas que permanece vigilante para assegurar ao grupo um espaço humano para "dizer sua palavra", para se exprimir sem se neutralizar.
Manifestações na prática escolar — A pedagogia libertadora tem como inspirador e divulgador Paulo Freire, que tem aplicado suas ideias pessoalmente em diversos países, primeiro no Chile, depois na África.
Entre nós, tem exercido uma influência expressiva nos movimentos populares e sindicatos e, praticamente, se confunde com a maior parte das experiências do que se denomina "educação popular".
Há diversos grupos desta natureza que vêm atuando não somente no nível da prática popular, mas também por meio de publicações, com relativa independência em relação às ideias originais da pedagogia libertadora.
Embora as formulações teóricas de Paulo Freire se restrinjam à educação de adultos ou à educação popular em geral, muitos professores vêm tentando colocá-las em prática em todos os graus de ensino formal.
Libertária
Papel da escola — A pedagogia libertária espera que a escola exerça uma transformação na personalidade dos alunos num sentido libertário e autogestionário.
A ideia básica é introduzir modificações institucionais, a partir dos níveis subalternos que, em seguida, vão "contaminando" todo o sistema.
A escola instituirá, com base na participação grupal, mecanismos institucionais de mudança (assembleias, conselhos, eleições, reuniões, associações etc.), de tal forma que o aluno, uma vez atuando nas instituições "externas", leve para lá tudo o que aprendeu.
Outra forma de atuação da pedagogia libertária, correlata à primeira, é — aproveitando a margem de liberdade do sistema — criar grupos de pessoas com princípios educativos autogestionários (associações, grupos informais, escolas autogestionárias).
Há, portanto, um sentido expressamente político, à medida que se afirma o indivíduo como produto do social e que o desenvolvimento individual somente se realiza no coletivo.
A autogestão é, assim, o conteúdo e o método; resume tanto o objetivo pedagógico quanto o político.
A pedagogia libertária, na sua modalidade mais conhecida entre nós, a "pedagogia institucional", pretende ser uma forma de resistência contra a burocracia como instrumento da ação dominadora do Estado, que tudo controla (professores, programas, provas etc.), retirando a autonomia."
Conteúdos de ensino — As matérias são colocadas à disposição do aluno, mas não são exigidas.
São um instrumento a mais, porque importante é o conhecimento que resulta das experiências vividas pelo grupo, especialmente a vivência de mecanismos de participação crítica.
"Conhecimento" aqui não é a investigação cognitiva do real, para extrair dele um sistema de representações mentais, mas a descoberta de respostas às necessidades e às exigências da vida social.
Assim, os conteúdos propriamente ditos são os que resultam de necessidades e interesses manifestos pelo grupo e que não são, necessária nem indispensavelmente, as matérias de estudo.
Em seguida, o grupo começa a se organizar, de modo que todos possam participar de discussões, cooperativas, assembleias, isto é, diversas formas de participação e expressão pela palavra; quem quiser fazer outra coisa, ou entra em acordo com o grupo, ouse retira.
No terceiro momento, o grupo se organiza de forma mais efetiva e, finalmente, no quarto momento, parte para a execução do trabalho.
Relação professor-aluno – A pedagogia institucional visa "em primeiro lugar, transformar a relação professor-aluno no sentido da não-diretividade, isto é, considerar desde o início a ineficácia e a nocividade de todos os métodos à base de obrigações e ameaças".
Embora professor e aluno sejam desiguais e diferentes, nada impede que o professor se ponha a serviço do aluno, sem impor suas concepções e ideias, sem transformar o aluno em "objeto".
O professor é um orientador e um catalisador, ele se mistura ao grupo para uma reflexão em comum. Se os alunos são livres frente ao professor, também este o é em relação aos alunos (ele pode, por exemplo, recusar-se a responder uma pergunta, permanecendo em silêncio).
Entretanto, essa liberdade de decisão tem um sentido bastante claro: se um aluno resolve não participar, o faz porque não se sente integrado, mas o grupo tem responsabilidade sobre este fato e vai se colocar a questão.
Quando o professor se cala diante de uma pergunta, seu silêncio tem um significado educativo que pode, por exemplo, ser uma ajuda para que o grupo assuma a resposta ou a situação criada.
No mais, ao professor cabe a função de "conselheiro" e, outras vezes, de instrutor-monitor à disposição do grupo.
Em nenhum momento esses papéis do professor se confundem com o de "modelo", pois a pedagogia libertária recusa qualquer forma de poder ou autoridade.
Pressupostos de aprendizagem - As formas burocráticas das instituições existentes, por seu traço de impessoalidade, comprometem o crescimento pessoal.
A ênfase na aprendizagem informal, via grupo, e a negação de toda forma de repressão visam favorecer o desenvolvimento de pessoas mais livres.
A motivação está, portanto, no interesse em crescer dentro da vivência grupal, pois supõe-se que o grupo devolva a cada um de seus membros a satisfação de suas aspirações e necessidades.
Somente o vivido, o experimentado é incorporado e utilizável em situações novas. Assim, o critério de relevância do saber sistematizado é seu passível uso prático.
Por isso mesmo, não faz sentido qualquer tentativa de avaliação da aprendizagem, ao menos em termos de conteúdo.
Crítico-social dos conteúdos
Papel da Escola - Assegurar a função social e política através do trabalho com conhecimentos sistematizados, a fim de colocar as classes populares em condições de uma efetiva participação nas lutas sociais.
De acordo com essa tendência, não basta ter como conteúdo escolar as questões sociais atuais, é necessário o domínio de conhecimentos, habilidades e capacidades mais amplas para que os alunos possam interpretar suas experiências de vida e defender seus interesses de classe.
Conteúdos- Nessa tendência, os conteúdos devem fazer conexão entre a teoria da educação, a política educacional e a teoria de ensino e didática, provocando a problematização e unificação dos problemas educativos de forma a analisá-los como um todo significativo.
Métodos - Prioriza a aquisição do saber fazendo uma relação com a da realidade social, assim os conteúdos devem ser de interesses dos alunos.
O método não é nem dogmático e nem pela descoberta, mas sim pela discussão, provocando uma visão crítica dos próprios conteúdos.
Relacionamento Professor versus Aluno - O professor é o mediador e estimulador entre os conteúdos e os alunos.
Ao mesmo tempo, é exigido dos alunos esforços para fazerem ligações de suas experiências vividas com os conteúdos, possibilitando uma participação ativa. O diálogo é um dos pontos fundamentais.
Pressupostos - A aprendizagem ocorre pelo esforço individual quando o aluno se reconhece nos conteúdos (modelos, fatos sociais etc.).
Para Luckesi (1994, p. 72) [...] o professor precisa saber compreender o que os alunos dizem ou fazem, o aluno precisa compreender o que professor procura dizer-lhes".
Assim sendo, a avaliação não é um julgamento definitivo e dogmático do professor, mas uma comprovação, para o aluno, de seu progresso. Influência na prática escolar brasileira- Essa tendência estimula atuação do educador dentro das escolas, sejam elas públicas ou particulares, ou seja, em qualquer espaço pedagógico.
Conclusão
A educação brasileira desde os seus primórdios passou por diversas mudanças no seu processo constitucional de Ensino.
Na raiz desse processo, está a tendência liberal, que é liberal apenas em seu nome, pois em seu núcleo está sua ramificação tradicional, tecnicista, diretiva e não-diretiva.
Mas graças a evolução na área da educação, surgiram várias outras tendências que abriram um cabedal de métodos para se trabalhar em sala de aula, assim, adentra a tendência pedagógica progressista com suas ramificações libertárias, libertadora e histórico crítica.
A partir da necessidade de renovação do processo de ensino, passou-se então dar voz aos alunos, ouvindo suas opiniões, gerando assim, a troca de novos conhecimentos.
Nesse período passamos a tornar-nos protagonistas do nosso processo de ensino e aprendizado.
Diante disso, pode-se perguntar: quais tendências supracitadas prevaleceram e prevalecem no processo de ensino hoje?
A resposta é clara e unânime: todas estão entrelaçadas umas as outras, pois não existe uma prática única adotada pelos educadores, a um misto de práticas a partir da formação do professor, e identificação própria, pois há docentes que apesar de ter uma formação sólida optam por continuar com o método tradicional de ensinar, por se sentirem mais cômodos e seguros.
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