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Filosofia da Educação: tendências pedagógicas na prática escolar

 

 




Tradicional


Papel da escola - Preparar intelectual e moral os alunos para assumir sua posição na sociedade. O compromisso da escola é com a cultura, os problemas sociais pertencem à sociedade. 

O caminho cultural em direção ao saber é o mesmo para todos os alunos, desde  que  se  esforcem.  

Assim,  os  menos  capazes  devem  lutar  para  superar  suas dificuldades e conquistar seu lugar junto aos mais capazes. 

Caso não consigam, devem procurar o ensino mais profissionalizante. 

Conteúdos  de  ensino  -  São os conhecimentos e valores  sociais  acumulados  pelas gerações adultas e repassados ao aluno como verdades. 

As matérias de estudo visam preparar o aluno para a vida, são  determinadas pela sociedade e ordenadas na legislação. 

Os conteúdos são separados da experiência  do  aluno e das realidades sociais, valendo pelo valor intelectual, razão pela qual a pedagogia  tradicional  é criticada como intelectualista e, às vezes, como enciclopédica. 

Métodos - Baseiam-se na exposição verbal da matéria e/ou demonstração. 

Tanto a exposição quanto a análise são feitas pelo professor, observados os seguintes passos: a)  preparação do aluno (definição do  trabalho, recordação da matéria anterior, despertar interesse); 

b) apresentação (realce de postos-chaves,  demonstração);  

c) associação (combinação do conhecimento novo com o já conhecido por comparação e abstração); 

d) generalização (dos aspectos particulares chega-se ao conceito geral, é a exposição sistematizada); 

e) aplicação (explicação de fatos adicionais e/ou resoluções de exercícios). 

A ênfase  nos exercícios, na repetição de conceitos ou fórmulas na memorização visa disciplinar a mente e formar hábitos. 

Relacionamento  professor-aluno - Predomina a  utoridade o professor que exige atitude receptiva dos alunos e impede qualquer comunicação entre eles no decorrer da aula. 

O professor transmite o conteúdo na forma de verdade a ser absorvida; em consequência, a disciplina imposta é o meio mais eficaz para assegurar a atenção e o silêncio.
   
Pressupostos  de  aprendizagem - A  ideia de que o ensino consiste em repassar os conhecimentos para o espírito da criança é acompanhada de uma-outra: a de que a capacidade  de  assimilação  da  criança  é idêntica à do adulto, apenas menos desenvolvida. 

A aprendizagem, assim, é receptiva e mecânica, para o que se recorre frequentemente à coação. 

A avaliação se dá por verificações de curto  prazo (interrogatórios  orais,  exercício  de  casa)  e  de  prazo  mais  longo  (provas  escritas, trabalhos de casa.   

Renovada Progressivista 


Papel da escola  - A finalidade da escola é adequar as necessidades individuais ao meio social e, para isso, ela deve se organizar de forma a retratar, o quanto possível, a vida. 

Todo ser dispõe dentro de si mesmo de mecanismos de adaptação progressiva ao  meio  e  de  uma  consequente  integração  dessas  formas de adaptação no comportamento.

Tal integração se dá por meio de experiências que devem satisfazer, ao mesmo tempo, os interesses do aluno e as exigências sociais. 

A escola cabe suprir as experiências que permitam ao aluno educar-se, num processo ativo de construção e reconstrução do objeto, numa interação entre estruturas cognitivas do indivíduo e estruturas do ambiente. 

Conteúdos de ensino – Como o conhecimento resulta da ação a partir dos interesses e necessidades, os conteúdos de ensino são estabelecidos em função de experiências que o sujeito vivencia frente a desafios cognitivos e situações problemáticas. 

Dá-se, portanto, muito mais valor aos processos mentais e habilidades cognitivas do que a conteúdos organizados racionalmente. 

Trata-se de "aprender a aprender", ou seja, é mais importante o processo de aquisição do saber do que o saber propriamente dito. 

Método de ensino  –  A  ideia  de  "aprender  fazendo"  está  sempre  presente. Valorizam-se as tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social, o método de solução de problemas. 

Os passos básicos do método ativo são: a) colocar o aluno numa situação de experiência que tenha um interesse por si mesma; 

b) o problema deve ser desafiante, como estímulo à reflexão; 

c) o aluno deve dispor de informações e instruções que lhe permitam pesquisar a descoberta de soluções; 

d) soluções provisórias devem ser incentivadas e ordenadas, com a ajuda discreta do professor; 

e) deve-se garantir a oportunidade de colocar as soluções à prova, a fim de determinar sua utilidade para a vida. 

 Relacionamento professor-aluno – Não há lugar privilegiado para o professor; antes, seu papel é auxiliar o desenvolvimento Livre e espontâneo da criança; se intervém, é para dar forma ao raciocínio dela. 

A disciplina surge de uma tomada de consciência dos limites da vida  grupal; assim, aluno  disciplinado é aquele que é solidário, participante, respeitador das regras do grupo. 

Para se garantir um clima harmonioso dentro da sala de aula é indispensável um relacionamento positivo entre professores e alunos, uma forma de instaurar a "vivência democrática" tal qual deve ser a vida em sociedade. 

Pressupostos de aprendizagem - A motivação depende da força de estimulação do problema e das disposições internas e interesses do aluno. 

Assim, aprender se torna uma atividade de descoberta, é uma autoaprendizagem, sendo o ambiente apenas o meio estimulador. 

É retido o que se incorpora à atividade do aluno pela descoberta pessoal;  o  que  é  incorporado  passa  a  compor  a  estrutura  cognitiva  para  ser empregado em novas situações. 

A avaliação é fluida e tenta ser eficaz à medida que os esforços e os êxitos são pronta e explicitamente reconhecidos pelo professor. 

Manifestações  na  prática  escolar  -  Os princípios da pedagogia progressivista vêmsendo difundidos, em larga escala, nos cursos de licenciatura, e muitos professores sofrem  sua  influência. 

Entretanto,  sua aplicação é reduzidíssima, não somente por falta de condições objetivas como também porque se  choca com uma prática pedagógica basicamente tradicional. 

Alguns métodos são adotados em escolas particulares, como o método Montessori, o método dos centros de interesse de Decroly, o método de projetos de Dewey. 

O ensino baseado na psicologia genética de Piaget tem larga aceitação na educação pré-escolar. Pertencem, também, à tendência progressivista muitas das escolas denominadas  "experimentais", as "escolas comunitárias" e mais remotamente (década de 60) a "escola secundária moderna", na versão difundida por Lauro de Oliveira Lima. 

Renovada não diretiva 

 
Papel da escola  -  Acentua-se  nesta  tendência  o  papel  da  escola  na  formação  de atitudes, razão pela qual deve estar mais preocupada com os problemas psicológicos do que com os pedagógicos ou sociais. 

Todo esforço está em estabelecer um clima favorável a uma mudança dentro do indivíduo, isto é, a uma adequação pessoal às solicitações  do  ambiente.  

Rogers  considera  que  o  ensino  é  uma  atividade excessivamente valorizada; para ele os procedimentos  didáticos,  a  competência  na matéria,  as  aulas,  livros,  tudo  tem  muito  pouca  importância,  face  ao  propósito  de favorecer  à  pessoa  um  clima  de  autodesenvolvimento  e  realização  pessoal, o que implica estar bem consigo próprio e com seus semelhantes. 

O resultado de uma boa educação é muito semelhante ao de uma boa terapia. 

Conteúdos de ensino  -  A  ênfase  que  esta  tendência  põe  nos  processos  de desenvolvimento das relações e da comunicação torna secundária a transmissão de conteúdos. 

Os processos de ensino visam mais facilitar aos estudantes os meios para buscarem por si mesmos os conhecimentos que, no entanto, são dispensáveis. 

Métodos de ensino – Os métodos usuais são dispensados, prevalecendo quase que exclusivamente o esforço do professor em desenvolver um estilo próprio para facilitar a aprendizagem dos alunos. 

Rogers explicita algumas das características do professor "facilitador": aceitação da pessoa do aluno, capacidade de ser confiável, receptivo e ter plena convicção na capacidade de autodesenvolvimento do estudante. 

Sua função restringe-se a ajudar o aluno a se organizar, utilizando técnicas de sensibilização onde os sentimentos de cada um possam ser expostos, sem ameaças. 

Assim, o objetivo do trabalho  escolar  se  esgota  nos  processos  de  melhor  relacionamento  interpessoal, como condição para o crescimento pessoal.

Relacionamento  professor-aluno  -  A  pedagogia  não-diretiva  propõe  uma  educação centrada  no  aluno,  visando  formar  sua  personalidade  através  da  vivência  de experiências  significativas  que  lhe  permitam  desenvolver  características  inerentes  à sua natureza. 

O professor é um especialista em relações humanas, ao garantir o clima de relacionamento pessoal e autêntico. "Ausentar-se"  é  a  melhor  forma  de  respeito  e  aceitação  plena  do  aluno.  

Toda intervenção é ameaçadora, inibidora da aprendizagem.

Pressupostos de aprendizagem  –  A  motivação  resulta  do  desejo  de  adequação pessoal  na  busca  da autorrealização; é, portanto, um ato interno. 

A motivação aumenta, quando o sujeito desenvolve o  sentimento de que é capaz de agir em termos de atingir suas metas pessoais, isto é,desenvolve a  valorização do "eu". 

Aprender, portanto, é modificar suas próprias percepções; daí que apenas se aprende o  que  estiver significativamente relacionado com essas percepções. 

Resulta que a retenção se dá pela relevância do aprendido em relação ao "eu", ou seja, o que não está  envolvido com o "eu"  não  é retido e nem transferido. 

Portanto, a avaliação escolar perde inteiramente o sentido, privilegiando-se a autoavaliação.  

Manifestações na prática escolar – Entre nós, o inspirador da pedagogia não diretiva é C. Rogers, na verdade mais psicólogo clínico que educador. 

Suas ideias influenciam um  número  expressivo  de  educadores  e  professores,  principalmente  orientadores educacionais  e  psicólogos  escolares  que  se  dedicam  ao  aconselhamento.  

Menos recentemente,  podem-se  citar  também  tendências  inspiradas  na  escola  de Summerhill do educador inglês A. Neill. 

Tecnicista 


Papel da Escola - Segundo essa tendência, a sociedade vive em harmonia. 

Assim, cabe à escola  modelar  o  comportamento  humano,  através  de  técnicas  específicas, aperfeiçoando  a  ordem  social  articulando-se ao campo produtivo. 

A escola deve, acima  de  tudo, formar indivíduos competentes  para o mercado de trabalho. Conteúdos - Constituem-se das informações, princípios científicos, leis etc. 

Os conteúdos são embasados na ciência objetiva. Nesse caso, não se leva em consideração a  subjetividade. 

Toda matéria encontra-se nos manuais, nos livros didáticos, nos  módulos  de  ensino,  nos  dispositivos  audiovisuais  etc., todos bem elaborados e direcionados. 

Métodos  -  Os  procedimentos  são  técnicos  apoiados  na  tecnologia  educacional.  

As etapas  básicas  do  processo  de  aprendizagem  são:  a)  estabelecer  comportamentos terminais, através de objetivos instrucionais; 

b) julgar a tarefa de aprendizagem, a fim de classificar em seqüência os passos da instrução; 

c) executar a instrução, reforçando pouco apouco as respostas corretas adequadas aos objetivos.  

Relacionamento  Professor  X  Aluno  -  O  professor  é  o  elo  entre  o  conhecimento científico e o aluno, sendo o responsável pelo sistema instrucional; a relação com o aluno  é  meramente  técnica. 

O aluno é um receptor não participativo. Os  dois  são espectadores  do  processo  de  aprendizagem,  não  há  necessidade  de  debates, discussões, questionamentos, relações afetivas e pessoais. 

Pressupostos  -  É  uma aprendizagem diretiva, centrada no controle sobre o comportamento dos alunos na busca da eficiência do mercado. 

Influência na prática escolar brasileira  -  Essa  tendência  de  origem  americana influenciou o Brasil nos anos 50 através do PABAEE (Programa Brasileiro-Americano de Auxílio ao Ensino  Elementar). 

Entretanto,  é  após  o  golpe  militar  de  64  que  se intensificaram tais influências através do acordo MEC-USAID, e das leis de reformas: Lei  de  Reforma  Universitária,  n°  5.540/68  e  a  Lei  de  Reforma  de  1°  e  2°  Graus,  n° 5.692/71, as quais passaram a vigorar no país até a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394/96. 

Foi um período de repressão à sociedade civil, em especial aos educadores. 

A Tendência Tecnicista serviu aos propósitos do governo autoritário dos militares, pois permitiu controle direto das ações pedagógicas, através dos planos de aula, planejamentos, supervisão efetiva, dentre outros. 

A Tendência Tecnicista serviu aos propósitos do governo autoritário dos militares, pois permitiu controle direto das ações  pedagógicas,  através  dos  planos  de  aula, planejamentos, supervisão efetiva, dentre outros. 

Libertadora


Papel da escola – Não é próprio da pedagogia libertadora falar em ensino escolar, já que  sua  marca  é  a  atuação  "não-formal". 

Entretanto, professores e educadores engajados no ensino escolar vêm  adotando  pressupostos  dessa  pedagogia.  

Assim, quando se fala na educação em geral, diz-se que ela é uma atividade onde professores e alunos, mediatizados pela realidade que apreendem e da qual extraem o conteúdo de aprendizagem, atingem um nível de consciência dessa mesma realidade, a fim de nela  atuarem, num sentido de transformação social. 

Tanto a educação  tradicional, denominada  "bancária"  –  que visa apenas depositar informações sobre o aluno  –, quanto a educação renovada – que pretenderia uma libertação psicológica individual – são domesticadoras, pois em nada contribuem para desvelar a realidade social de opressão. 

A educação libertadora, ao contrário, questiona concretamente a realidade das  relações  do  homem  com  a  natureza  e  com  os  outros  homens,  visando  a  uma transformação – daí ser uma educação crítica.

Conteúdos de ensino  –  Denominados  "temas  geradores",  são  extraídos  da problematização  da  prática  de  vida  dos  educandos.  

Os  conteúdos  tradicionais  são recusados porque cada pessoa, cada grupo envolvido na ação pedagógica dispõe em si próprio, ainda que de forma rudimentar, dos conteúdos necessários dos quais se parte. 

O importante não é a transmissão de conteúdo específicos, mas despertar uma nova  forma  da  relação  com  a  experiência  vivida.  

A  transmissão  de  conteúdos estruturados a partir de fora é considerada como "invasão cultural" ou "depósito de informação", porque não emerge do saber popular. 

Se forem necessários textos de leitura  estes  deverão  ser  redigidos  pelos  próprios  educandos  com  a  orientação  do educador. 

Métodos de ensino – “Para ser um ato de conhecimento o processo de alfabetização de  adultos  demanda,  entre  educadores  e  educandos,  uma  relação  de  autêntico diálogo; aquela em que os sujeitos do ato de conhecer se encontram mediatizados pelo objeto a ser conhecido" (...) "O diálogo engaja ativamente a ambos os sujeitos do ato de conhecer: educador-educando e educando-educador”. 

Assim sendo, a forma de  trabalho  educativo  é  o  "grupo  de  discussão",  a  quem  cabe  autogerir a aprendizagem, definindo o conteúdo e a dinâmica das atividades. 

O professor é um animador que, por princípio, deve "descer" ao nível dos alunos, adaptando-se às suas características e ao desenvolvimento próprio de cada grupo. 

Deve caminhar "junto", intervir o mínimo indispensável, embora não se furte, quando necessário, a fornecer uma informação mais sistematizada. 

Os passos da aprendizagem  –  Codificação-decodificação,  e  problematização  da situação  –  permitirão aos educandos um esforço de compreensão do "vivido", até chegar a um nível mais crítico de conhecimento da sua realidade, sempre através da troca de experiência  em  torno da  prática  social. 

Se nisso consiste o conteúdo do trabalho educativo, dispensam-se um programa previamente estruturado, trabalhos escritos, aulas  expositivas, assim  como qualquer  tipo  de  verificação  direta  da aprendizagem, formas essas  próprias  da  “educação  bancária”,  portanto, domesticadoras.  

Entre  tanto admite-se a avaliação da prática  vivenciada  entre educador-educandos  no processo  de  grupo  e,  às  vezes,  a  autoavaliação  feita  em termos dos compromissos assumidos com a prática social.  

Relacionamento  professor-aluno  —  No  diálogo,  como  método  básico,  a  relação  é horizontal,  onde  educador  e  educandos  se  posicionam  como  sujeitos  do  ato  de conhecimento. 

O critério de bom relacionamento é a total identificação como povo, sem o que a relação pedagógica perde consistência. 

Elimina-se, por pressuposto, toda relação de autoridade, sob pena de esta inviabilizar o trabalho de conscientização, de "aproximação de consciências". 

Trata-se de uma "não-diretividade", mas  não  no sentido do professor que se ausenta (como em Rogers), mas que permanece vigilante para assegurar ao grupo um espaço humano para "dizer sua palavra", para se exprimir sem se neutralizar. 

Manifestações na prática escolar — A pedagogia libertadora tem como inspirador e divulgador  Paulo  Freire,  que  tem  aplicado  suas  ideias  pessoalmente  em  diversos países,  primeiro  no  Chile,  depois  na  África.  

Entre  nós, tem  exercido  uma  influência expressiva nos movimentos populares e sindicatos e, praticamente, se confunde com a maior parte das experiências do que se denomina "educação popular". 

Há diversos grupos desta natureza que vêm atuando não somente no nível da prática popular, mas também por meio de publicações, com relativa independência em relação às ideias originais da pedagogia libertadora. 

Embora as formulações teóricas de Paulo Freire se restrinjam à educação de adultos ou à educação popular em geral, muitos professores vêm tentando colocá-las em prática em todos os graus de ensino formal. 

Libertária 


Papel da escola  —  A  pedagogia  libertária  espera  que  a  escola  exerça  uma transformação na personalidade dos alunos num sentido libertário e autogestionário. 

A ideia básica é introduzir modificações institucionais, a partir dos níveis subalternos que, em seguida, vão "contaminando" todo o sistema. 

A escola instituirá, com base na participação grupal, mecanismos institucionais de mudança (assembleias, conselhos, eleições, reuniões, associações etc.), de tal forma que o aluno, uma vez atuando nas instituições "externas", leve para lá tudo o que aprendeu. 

Outra forma de atuação da pedagogia libertária, correlata à primeira, é — aproveitando a margem de liberdade do  sistema  —  criar  grupos  de  pessoas  com  princípios  educativos  autogestionários (associações, grupos  informais,  escolas  autogestionárias).  

Há,  portanto,  um  sentido expressamente político, à medida que se afirma o indivíduo como produto do social e que  o  desenvolvimento  individual  somente  se  realiza no coletivo.  

A  autogestão  é, assim, o conteúdo e o método; resume tanto o objetivo pedagógico quanto o político. 

A pedagogia libertária, na sua modalidade  mais  conhecida  entre  nós,  a  "pedagogia institucional",  pretende  ser  uma  forma  de  resistência  contra  a  burocracia  como instrumento  da  ação  dominadora  do  Estado,  que  tudo  controla  (professores, programas, provas etc.), retirando a autonomia." 

Conteúdos de ensino — As matérias são colocadas à disposição do aluno, mas não são exigidas. 

São um instrumento a mais, porque importante é o conhecimento que resulta das experiências vividas pelo grupo, especialmente a vivência de mecanismos de participação crítica. 

"Conhecimento" aqui não é a investigação cognitiva do real, para  extrair  dele  um  sistema  de  representações  mentais,  mas  a  descoberta  de respostas  às  necessidades  e  às  exigências  da  vida  social.  

Assim,  os  conteúdos propriamente ditos são os que resultam de necessidades e interesses manifestos pelo grupo e que não são, necessária nem indispensavelmente, as matérias de estudo. 

Em seguida,  o  grupo  começa  a  se  organizar,  de  modo  que  todos  possam  participar  de discussões,  cooperativas,  assembleias,  isto  é,  diversas  formas  de  participação  e expressão  pela  palavra;  quem  quiser  fazer  outra  coisa,  ou  entra  em  acordo  com  o grupo, ouse retira. 

No terceiro momento, o grupo se organiza de forma mais efetiva e, finalmente, no quarto momento, parte para a execução do trabalho.

Relação professor-aluno  –  A  pedagogia  institucional  visa  "em  primeiro  lugar, transformar  a  relação  professor-aluno no sentido da não-diretividade,  isto  é, considerar desde o início a ineficácia e a nocividade de todos os métodos à base de obrigações e ameaças". 

Embora professor e aluno sejam desiguais e diferentes, nada impede que o professor se ponha a serviço do aluno, sem impor suas concepções e ideias, sem transformar o aluno em "objeto". 

O professor é um orientador e um catalisador, ele se mistura ao grupo para uma reflexão em comum. Se os alunos são livres  frente  ao  professor,  também  este  o  é  em  relação  aos  alunos  (ele  pode,  por exemplo,  recusar-se  a  responder  uma  pergunta,  permanecendo  em  silêncio). 

Entretanto, essa  liberdade de  decisão  tem  um  sentido  bastante  claro:  se  um  aluno resolve  não  participar,  o  faz  porque  não  se  sente  integrado,  mas  o  grupo  tem responsabilidade sobre este fato e vai se colocar a questão.

Quando o professor se cala diante de uma pergunta, seu silêncio tem um significado educativo que pode, por exemplo, ser uma ajuda para que o grupo assuma a resposta ou a situação criada. 

No mais,  ao  professor  cabe  a  função  de  "conselheiro"  e,  outras  vezes,  de instrutor-monitor  à  disposição  do  grupo.  

Em  nenhum  momento  esses  papéis  do professor  se  confundem  com  o  de  "modelo",  pois  a  pedagogia  libertária  recusa qualquer forma de poder ou autoridade. 

Pressupostos de aprendizagem - As formas burocráticas das instituições existentes, por seu traço de impessoalidade, comprometem o crescimento pessoal. 

A ênfase na aprendizagem informal, via  grupo,  e  a  negação  de  toda  forma  de  repressão  visam favorecer o desenvolvimento de pessoas mais livres. 

A motivação está, portanto, no interesse em crescer dentro da vivência grupal, pois supõe-se que o grupo devolva a cada um de seus membros a satisfação de suas aspirações e necessidades. 

Somente o vivido, o experimentado  é  incorporado  e  utilizável  em  situações  novas.  Assim,  o critério  de  relevância  do  saber  sistematizado  é  seu  passível  uso  prático.  

Por  isso mesmo, não faz sentido qualquer tentativa de avaliação da aprendizagem, ao menos em termos de conteúdo. 

Crítico-social dos conteúdos


Papel da Escola  -  Assegurar a função  social  e  política  através  do  trabalho  com conhecimentos sistematizados, a fim de colocar as classes populares em condições de uma efetiva participação nas lutas sociais. 

De acordo com essa tendência, não basta ter como conteúdo escolar as questões  sociais  atuais, é necessário o domínio de conhecimentos, habilidades e capacidades mais amplas para que os alunos possam interpretar suas experiências de vida e defender seus interesses de classe. 

Conteúdos-  Nessa  tendência, os conteúdos devem fazer conexão entre a teoria da educação, a política  educacional e a teoria de ensino e didática, provocando a problematização e unificação dos problemas educativos de forma a analisá-los como um todo significativo.   

Métodos  -  Prioriza a aquisição do saber fazendo uma relação com a da realidade social, assim  os  conteúdos devem ser de interesses dos alunos. 

O método não é  nem dogmático e nem pela  descoberta,  mas  sim  pela  discussão, provocando uma visão crítica dos próprios conteúdos.

Relacionamento Professor versus Aluno - O professor é o mediador e estimulador entre os conteúdos e os alunos. 

Ao mesmo tempo, é exigido dos alunos esforços para fazerem ligações de suas  experiências  vividas com os conteúdos, possibilitando uma participação ativa. O diálogo é um dos pontos fundamentais. 

Pressupostos  -  A  aprendizagem  ocorre  pelo  esforço  individual  quando o aluno se reconhece nos conteúdos (modelos, fatos sociais etc.). 

Para Luckesi (1994, p. 72) [...] o professor precisa saber compreender o que os alunos dizem ou fazem, o aluno precisa compreender o que professor procura dizer-lhes". 

Assim sendo, a avaliação não é um julgamento definitivo e dogmático do professor, mas uma comprovação, para o aluno, de  seu  progresso. Influência  na  prática  escolar  brasileira-  Essa  tendência estimula atuação do educador dentro das escolas, sejam elas públicas ou particulares, ou seja, em qualquer espaço pedagógico.  

Conclusão


A educação brasileira desde os seus primórdios passou por diversas mudanças no seu processo constitucional de Ensino. 

Na raiz desse processo, está a tendência liberal, que é liberal apenas em seu nome, pois em seu núcleo está sua ramificação tradicional, tecnicista, diretiva e não-diretiva. 

Mas graças a evolução na  área da educação, surgiram várias outras  tendências que abriram um cabedal de métodos para se trabalhar em sala de aula, assim, adentra a tendência pedagógica progressista com suas ramificações libertárias, libertadora e histórico crítica. 

A partir da necessidade de renovação do processo de ensino, passou-se então dar voz aos alunos, ouvindo suas  opiniões, gerando  assim, a  troca  de  novos  conhecimentos. 

Nesse  período  passamos  a  tornar-nos protagonistas do nosso processo de ensino e aprendizado. 

Diante  disso,  pode-se  perguntar:  quais  tendências  supracitadas  prevaleceram  e  prevalecem  no processo de ensino hoje? 

A resposta é clara e unânime: todas estão entrelaçadas umas as outras, pois não existe uma prática única adotada pelos educadores, a um misto de práticas a partir da formação do professor, e identificação própria, pois há docentes que apesar de ter uma formação  sólida  optam  por continuar com o método tradicional de ensinar, por se sentirem mais cômodos e seguros. 

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